Altas e baixas temperaturas, umidade, ventilação e pressão atmosférica são fatores que impactam diretamente no desempenho do EPR quanto ao conforto térmico e o impacto fisiológico do usuário.
Programa de Proteção Respiratória (PPR) da FUNDACENTRO estabelece diretrizes fundamentais para garantir a proteção eficaz dos trabalhadores expostos a contaminantes atmosféricos dispersos no ar. O item 4.4.3 do documento destaca a importância da seleção e adequação do EPR ao ambiente de trabalho.
Entre os fatores ambientais mais relevantes estão às condições climáticas, como temperaturas elevadas, baixas temperaturas, umidade, ventilação e condições de pressão atmosférica, que podem interferir no desempenho, conforto e segurança do respirador, assim como no bem-estar fisiológico do trabalhador. Esses fatores impactam diretamente no desempenho do EPR quanto ao conforto térmico e o impacto fisiológico do usuário.
Efeitos das Altas Temperaturas sobre os Equipamentos
Em ambientes com altas temperaturas como siderúrgicas, fundições, refinarias, mineradoras e pedreiras, os componentes do EPR como as válvulas, diafragmas, elásticos e a peça facial podem sofrer degradação e perda de elasticidade pelo ressecamento dos elastômeros e fibras que compõem esses materiais. Como consequência dessa degradação, o EPR pode se tornar ineficaz pela redução ou perda da vedação facial e desconforto ao usuário.
Efeitos das Altas Temperaturas sobre o Usuário
O aumento da temperatura interna do EPR pode causar: desconforto por aumentar a sensação de calor e com maior percepção subjetiva de esforço; sudorese excessiva, que prejudica a vedação facial por reduzir a aderência a pele da face; fadiga agravada pelo esforço respiratório adicional; maior possibilidade de interrupção do uso por desconforto. Tudo isso pode comprometer a eficácia da proteção.

Para tornar o ambiente mais termicamente adequado e evitar exaustão do usuário de EPR são recomendados: sistema de ventilação eficiente; programação de pausas periódicas em áreas com temperatura controlada; hidratação; e atenção a qualquer alteração comportamental ou de atitude do trabalhador. Observe que filtros saturados aumentam a resistência respiratória e a percepção de esforço, por isso é recomendada a troca dos filtros conforme a especificação do PPR da empresa.
Efeitos das Baixas Temperaturas sobre os Equipamentos

Em ambientes frios, como câmaras frigoríficas ou condições ambientais adversas, os EPRs estão sujeitos a: enrijecimento dos materiais que compõem o equipamento, podendo afetar o conforto e ajuste facial; congelamento das válvulas e diafragmas, podendo impedir o fluxo adequado de ar; fragilidade dos materiais tornando-os quebradiços; condensação e formação de gelo nos filtros e outras partes do EPR.
Efeitos das Baixas Temperaturas sobre o Usuário
As baixas temperaturas podem ser desconfortáveis com sensação de congelamento nas partes do rosto cobertas pela máscara; pode provocar a sensação de dificuldade respiratória devido a inalação de ar frio dentro do EPR; pode ocorrer o acúmulo de umidade e condensação desta, aumentando o risco de irritações ou dermatites; e pode ocorrer interferência na comunicação devido ao enrijecimento do diafragma de voz, se houver.
Recomenda-se que: use EPRs com materiais flexíveis e resistentes ao frio, e que tenham sido testados para baixas temperaturas; as válvulas e vedações devem ser checadas antes de cada uso; evite o armazenamento dos EPRs em locais gelados e que atinjam temperatura ambiente antes do uso e; quando possível adote sistema de aquecimento ambiental.
Efeito da Umidade sobre o EPR
A umidade elevada é outro fator crítico. Em ambientes úmidos ou sob chuva, podem ocorrer: saturação prematura dos filtros, diminuição da eficiência e aumento a resistência respiratória; condensação da umidade dentro da peça facial, prejudicando a vedação e a visibilidade; crescimento de colônias de bactérias, devido a higienização e secagem não adequadas.

Garantir a adequação do EPR ao ambiente, somada a uma boa gestão do Programa de Proteção Respiratória (PPR) é essencial para amenizar a exposição a agentes tóxicos e preservar a saúde e a segurança dos trabalhadores. Na próxima semana, encerraremos esta série de artigos abordando o tema “Outros Perigos Não Respiratórios”. Até lá!

