Caso de Sucesso no Controle da Exposição a Formaldeído

O formaldeído é um gás irritante das vias respiratórias superiores e olhos. Possui um odor penetrante, que pode ser percebido em concentrações inferiores a 1 ppm. Ele é comercializado na forma de formol, solubilizado em uma solução de água com metanol, em concentração entre 30 a 50 porcento de formaldeído. Ele pode ser encontrado em ambientes industriais como resíduo gasoso do processo de cura de resinas fenólica, melamínica, e outras resinas de uso industrial.

Sua toxicidade é bem alta e os Limites de Exposição Ocupacional, TLV® da ACGIH® são: 0,1 ppm para 8 horas de exposição e 0,3 ppm para 15 minutos. Recebe a notação A1, considerado carcinogênico humano. Os órgãos alvo são olhos e vias respiratórias superiores.

O caso desta semana ocorreu em uma indústria que fabricava filtros para líquidos e gases. Os filtros eram compostos por fibras não tecidas recebidas em mantas, as quais eram conformadas sobre pressão e impregnadas com resina fenólica. Após essa operação, o material era enviado a uma estufa, onde ocorria a cura da resina e o enrijecimento do produto. Todo o processo de cura ocorria dentro da estufa, com exaustão para fora do prédio, cuja sistema funcionava adequadamente. Na saída da estufa, um operador retirava os produtos da correia transportadora e os colocava em bandejas para resfriamento. O produto saia quente e exalava um odor muito irritante.

Os operadores se queixavam do odor e olhos lacrimejantes. O técnico de segurança havia realizado várias amostragens no trabalhador que ficava exposto a esses odores, mas todas elas para análise de fenol, uma vez que a FISPQ indicava a presença desse produto químico na composição da resina. Mesmo não encontrando a presença desse contaminante no ar, o técnico de segurança definiu o uso de um respirador tipo peça semifacial com filtros para vapores orgânicos, que era a indicação para proteção contra a inalação de vapores de fenol.

Um higienista ocupacional foi chamado, realizou amostragens de formaldeído e encontrou altas quantidades desse contaminante no ambiente, acima de 1 ppm. Fato que justifica a percepção dos odores e irritação dos olhos relatados pelos trabalhadores.

Imediatamente, foram tomadas as seguintes providências: cobertura da esteira de saída do produto e instalação de um equipamento fechado, com exaustão externa, para resfriamento do material. Enquanto as melhorias eram construídas, os operadores do setor passaram a utilizar respiradores do tipo peça facial inteira com filtros para formaldeído. A escolha da peça facial inteira se deu por duas razões: primeiro porque a concentração encontrada estava acima de 10 vezes o TLV/TWA (Limite de Exposição Ocupacional para 8 horas diárias de exposição) para o formaldeído, portanto uma peça semifacial com Fator de Proteção Atribuído (FPA) igual a 10 não seria suficiente; e porque esse contaminante irrita os olhos, fato que pode dificultar a visão do trabalhador caso os olhos não estejam protegidos.

Após a conclusão das melhorias, as concentrações de formaldeído passaram a ser inferiores ao limite de detecção do método de análise utilizado e os trabalhadores puderam trabalhar sem o uso de respirador.

Uma aprendizagem desse caso é que a pesquisa sobre o ambiente de trabalho e a exposição do trabalhador não deve ser limitada aos componentes das matérias-primas introduzidas no processo. Temos que estar alerta a subprodutos decorrentes da degradação ou reações que possam ocorrer durante a operação. Um engenheiro de processos ou o fornecedor da matéria-prima deve ser consultado sobre essa possibilidade.

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1 comentário em “Caso de Sucesso no Controle da Exposição a Formaldeído”

  1. Claudia Dominguite

    Fantástico esse artigo e o quanto essa empresa agiu com responsabilidade e verdadeira busca pela segurança.
    Além disso que gostoso ler a descrição perfeita de forma que pudee sentir na fábrica visualizando cada situação. Obrigada por compartilharem de forma tão eficaz.

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