O Papel dos Médicos no Programa de Proteção Respiratória
O médico desempenha um papel indispensável no Programa de Proteção Respiratória (PPR). Ele é responsável pelo acompanhamento da saúde do trabalhador com a realização de avaliações de saúde dos candidatos ao uso de Equipamento de Proteção Respiratória (EPR). Essas avaliações permitem identificar os trabalhadores em risco, devido às condições de saúde existentes, e determinar a sua aptidão ao trabalho considerando o nível de esforço das atividades de trabalho e o uso do EPR.
A avaliação de saúde realizada pelo médico e equipe deve ser feita antes do início das atividades que requeiram o uso de EPR pelo trabalhador. Essa avaliação considera fatores como a saúde geral do trabalhador, seu histórico de doenças respiratórias, psicológicas, neurológicas e outras condições de saúde, prévias ou existentes, que possam restringir o uso de um EPR. É necessário atentar-se para o risco do possível agravamento de uma situação específica de saúde pré-existente no caso de exposição a determinados agentes químicos.
O médico deve ainda considerar em sua avaliação a necessidade do esforço físico para a realização das atividades de trabalho enquanto utiliza o EPR selecionado. Deve ser questionado ao trabalhador se faz uso de lentes corretivas, visando avaliar a adaptação dos EPIs aos óculos. Observe que as lentes de contato podem ser perigosas devido a possibilidade de absorção de determinadas substâncias químicas.
O médico deve recomendar e participar da capacitação dos trabalhadores que utilizam EPR, abordando temas como: fisiologia respiratória, doenças ocupacionais relacionadas à exposição a agentes químicos nocivos com foco nos produtos utilizados na empresa e conscientização sobre a importância da proteção respiratória para a manutenção de sua saúde.

Para o sucesso do PPR é de extrema importância o uso correto do EPR. O médico, com o seu conhecimento, deve fornecer orientações durante a avaliação individual e durante treinamentos, para possibilitar a compreensão pelos trabalhadores da importância da proteção respiratória, do uso correto e limitações dos EPRs. Estes esclarecimentos contribuem imensamente na conscientização dos trabalhadores para utilizarem os equipamentos corretamente durante todo o tempo de exposição, o que inclui: colocação, retirada, guarda, trocas de filtros ou partes do respirador e a correta vedação facial.
Com relação a vedação facial, vários pontos devem ser abordados: cuidados na colocação do respirador, verificação da vedação, ensaio de vedação facial e presença de pelos faciais. Este último é uma grande dificuldade na aplicação do PPR. Ainda hoje existem trabalhadores que recusam a se barbear diariamente, pois não entendem como a presença de pelos faciais afeta a vedação do respirador na face. Essas recomendações valem tanto para uso rotineiro de EPRs como para o uso em emergências. Nos dois casos, as exigências são as mesmas.
Nas atividades em locais com possibilidades de deficiência de oxigênio, como em espaços confinados, não se pode utilizar respiradores filtrantes para proteção de trabalhadores expostos. Nessas situações, somente respiradores com suprimento de ar podem ser utilizados. Esse tipo de EPR pode causar muito desconforto e não deve ser utilizado por trabalhadores que sofrem de claustrofobia, o que atrapalha ou, até mesmo, impede a atividade laboral.
Os trabalhadores que utilizam EPR estão sujeitos a exposições a agentes nocivos à saúde. Qualquer falha no uso do equipamento e dessa proteção expõe o trabalhador a condições perigosas. Por isso, a vigilância de saúde é imprescindível, sendo realizada com o monitoramento da exposição, o acompanhamento continuado da saúde dos trabalhadores expostos a riscos respiratórios. A avaliação médica específica dos usuários de respiradores deve ser renovada anualmente, bem como o Exame Periódico.
Em caso de identificação de problemas de saúde relacionados à exposição a agentes perigosos, o médico deve estar preparado para intervir, oferecer tratamento adequado e, se necessário, encaminhar o trabalhador para especialistas para o acompanhamento adequado, minimizando os efeitos na saúde do trabalhador e indicando medidas de reabilitação, se necessário. O médico deve avaliar e monitorar a saúde, realizar a orientação e a intervenção em casos de exposição e promover a saúde no ambiente de trabalho.
Em resumo, a atuação do médico qualificado no PPR é crucial para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores, auxiliar a promover um ambiente de trabalho seguro e o cumprimento as normas de segurança e saúde ocupacional. A integração dessas funções é fundamental para a eficácia do PPR e para a prevenção de doenças ocupacionais.
Com este artigo, finalizamos a série Responsabilidades no PPR. Os três artigos anteriores a este estão disponíveis em nosso website.
Continue nos seguindo. Somos muito agradecidos.