PPR 30 ANOS – PRODUTOS QUÍMICOS NO AR

No artigo anterior citamos que o pólen de flores, um produto natural, quando dispersos no ar e inalados podem ser perigosos, se as pessoas expostas adquiriram sensibilidade respiratória a esse agente biológico.

Os produtos processados, mesmo que sejam alimentos, podem ser mais perigosos se presentes em altas concentrações no ar que respiramos. Na natureza, uma rocha tem pouco impacto sobre a saúde das pessoas que estão próximas. Quando extraída e concentrada através de processos de mineração, ela passa a ser perigosa, pois parte da matéria contida na rocha vai para o ar e pode ser inalada. Um exemplo é o amianto ou o asbesto. Ele é um produto natural. Várias regiões do planeta possuem esse mineral incrustrado nas rochas. Não há evidências que ele seja perigoso nessas condições. Mas quando a rocha é extraída e o mineral processado, ele passa a ser muito perigoso e suspeito de causar graves doenças pulmonares e câncer.

Produtos naturais, se utilizados em grandes quantidades podem ser perigosos. A farinha de trigo que utilizamos em nossas casas para fazer bolos pode ser a mesma que o padeiro utiliza para fazer pão. Só que a exposição do padeiro a poeiras contendo farinha de trigo é diária e em alta concentração, enquanto em casa usamos pequenas quantidades e ocasionalmente. Portanto, essa mesma farinha pode não ser perigosa em sua casa, mas pode ser perigosa no trabalho.

Os produtos químicos se apresentam no ar nas formas de poeiras, névoas ou neblinas, fumos, gases e vapores.

As poeiras estão presentes em todos os locais, sejam de atividades industriais, serviços, ou até mesmo em nossas residências ou atividades de lazer. São formadas por materiais sólidos e as névoas por materiais líquidos.

É muito fácil perceber a sua presença. É só olhar no feixe de luz de uma lanterna ou das radiações luminosas do sol. Se você estiver em uma posição perpendicular ao feixe de luz, poderá ver as partículas de poeiras em suspensão.

As partículas visíveis são partículas grandes, ficam pouco tempo em suspensão no ar. São pesadas e tem grande tendências de sedimentar, cair sobre as superfícies do piso, móveis etc. Por serem pesadas, têm tendência a cair rapidamente. Dependendo do peso do particulado de poeira e da ventilação existente no local, uma partícula pode demorar alguns segundos ou minutos para se sedimentar.

Partículas pequenas ficam suspensas no ar por muito mais tempo, por várias horas. Essas têm muito mais chance de serem inaladas que uma partícula que só fica alguns segundos em suspensão.

As névoas são muito parecidas com as poeiras tanto na forma como são geradas, dimensões e tempo de permanência no ar. A diferença é que são partículas líquidas em suspensão. Isso requer alguns cuidados diferenciados durante a avaliação. É muito comum confundir névoas com gases ou vapores. Por exemplo, o ácido clorídrico. Muito utilizado em processos de limpeza pesada, ele é composto por um gás, cloreto de hidrogênio, dissolvido em água. O cloreto de hidrogênio é extremamente agressivo e tem a fugacidade do gás, se concentra facilmente na atmosfera e o respirador deve ter um filtro para gases ácidos. Já o ácido clorídrico somente irá para o ar se houver algum processo de nebulização, seja por agitação, spray ou borbulhamento. Para retenção de névoas de ácido clorídrico deve-se utilizar filtros para névoas. Algo parecido ocorre com a soda cáustica. Quando encontrada no ar ambiente, está na forma de névoas, ou seja, particulados.

Agentes biológicos podem estar presentes no ar associados a névoas. Por exemplo, um vírus pode estar associado a partículas de perdigotos que saem da boca de uma pessoa infectada. Os perdigotos são névoas líquidas que saem da boca do paciente, quando ele tosse, espirra ou simplesmente fala.

Os fumos são particulados sólidos, como as poeiras. Eles se formam da condensação de materiais sólidos que foram volatilizados. Um metal, plástico ou vidro quando aquecidos a altas temperaturas passam para o estado líquido e parte desse líquido passa para o estado de vapor. Esse vapor vai para o ar. Porém, o ar é muito mais frio que a temperatura desse vapor, por isso ele se condensa, volta a forma sólida. Nesse processo, forma-se partículas muito finas, bem pequenas. Para se ter uma ideia, o tamanho médio das partículas de poeiras está acima de 10 mícrons. Os fumos possuem tamanho médio abaixo de 1 mícron. Nesse aspecto eles são bem diferentes das poeiras. Por serem muito pequenos, ficam suspensos no ar por horas, podem ficar no ar por mais de 8 horas.

Um exemplo típico de fumos são os fumos metálicos gerados no processo de solda. Aquela cor azulada que pode ser vista em uma solda é a reflexão da luz que impacta sobre partículas de fumos presentes no ar. Quando o soldador para de soldar, elas continuam ali, mas a gente não consegue enxergá-las porque não tem o clarão da solda.

Muito tempo depois de encerrada a soldagem, 4 ou 5 horas depois, elas continuam no ar e se um trabalhador estiver naquela área, ele vai respirar os fumos de solda. Claro que a concentração diminui com o tempo, pois por serem muito pequenas e leves são arrastadas pela movimentação do ar. A concentração é maior durante o processo de soldagem.

Os gases e vapores são contaminantes atmosféricos diferentes das poeiras, névoas e fumos. Eles não ficam suspensos no ar como esses três, eles se misturam no ar. Por isso podem ficar muito tempo no ambiente de trabalho, caso não haja boa ventilação natural ou forçada.

Os gasosos têm grande facilidade para se dispersar e ir para bem longe do local onde foi gerado. Basta que haja uma boa ventilação no local onde foram gerados.

No próximo artigo, vamos falar sobre os efeitos da inalação de agentes químicos presentes no ar.

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