PPR 30 ANOS – OS EFEITOS DA INALAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS PRESENTES NO AR

No artigo anterior fizemos a diferenciação entre poeiras, névoas, fumos, gases e vapores. Neste artigo, vamos falar um pouco sobre os perigos associados a inalação desses contaminantes atmosféricos presentes no ar ambiente.

A maior parte das poeiras em suspensão no ar fica retida na região do trato respiratório superior. Partículas grosseiras são facilmente retidas no nariz. Repare que se você passa grande parte de seu dia em local com muita poeira, no final do dia, o nariz estará sujo e com muito muco. Possivelmente, terá tosse e espirro, que são reflexos naturais para a eliminação das poeiras que ficaram retidas na região da traqueia.

Partículas pequenas e insolúveis em água conseguem passar pela região do Trato Respiratório Superior (TRS) e chegar à região mais profunda do sistema respiratório. Conhecida como Trato Respiratório Inferior (TRI), que é composto pelos brônquios, bronquíolos e alvéolos. Elas chegam até os alvéolos, e podem ser exaladas ou depositadas na superfície da membrana alveolar.

As partículas depositadas nos alvéolos podem causar uma doença que se chama pneumoconiose, ou seja, “enrijecimento” dos alvéolos pulmonares. A pneumoconiose recebe diferentes nomes dependendo da constituição dessas poeiras. Os nomes mais conhecidos são Silicose, pela inalação de poeiras contendo sílica cristalina; Asbestose, pela inalação de asbesto ou amianto; Bissinose, pela inalação de poeiras de algodão; Antracnose, pela inalação de poeiras de carvão etc.

As partículas podem também passar diretamente para a corrente sanguínea ou serem absorvidas pelo organismo. Em um ou outro caso, elas irão comprometer outros órgãos de nosso corpo, entre eles: o sistema nervoso central, rins, fígado, bexiga e baço. 

Fumos metálicos estão entre aquelas que podem passar pelos alvéolos pulmonares. Sua composição química pode conter vários metais diferentes. Esses metais são os mesmos que compõem o metal que está sendo soldado, a vareta de solda e outros insumos utilizados. Aquelas que contém chumbo ou cádmio, conhecidos como metais pesados, irão se depositar no fígado ou nos rins. Os efeitos dos metais pesados são bem conhecidos e são acumulativos. Ou seja, nosso organismo tem grande dificuldade para eliminá-los.

Os gases e vapores, quando inalados podem chegar na região mais profunda de nosso sistema respiratório, com muita facilidade. O perigo maior é para os gases e vapores, que são insolúveis ou pouco solúveis em água.

Quando um gás ou vapor for solúvel em água, ele pode reagir e ficar retido na região coberto por muco. Somente uma pequena parte chega à região mais profunda do sistema respiratório. Essa reação cria uma forte irritação e pode provocar tosse, espirro etc. Quando chegam aos alvéolos, os gases e vapores passam para a corrente sanguínea, da mesma forma que o oxigênio. Podem assim, chegar em todas as regiões e órgãos do nosso corpo. Uma região muito irrigada pelo sangue, que depende muito do oxigênio é a região do cérebro.

Por isso, muitos vapores orgânicos causam danos no sistema nervoso central. Eles podem causar narcose e alteração no estado de consciência, sensação parecida àquela causada pelos narcóticos. Outros órgãos podem ser afetados pelos vapores e gases orgânicos, entre eles bexiga, rins, fígado estômago, intestinos.

Alguns vapores de solventes orgânicos podem causar danos nas células auditivas. As células auditivas são compostas por cílios muito finos localizados na região da cóclea. Vapores de tolueno e outros aromáticos causam a morte dessas células. O trabalhador pode apresentar perdas auditivas pela inalação desses vapores, mesmo que não esteja exposto a ruídos considerados nocivos.

No próximo artigo, vamos falar sobre os meios de controle da exposição a agentes químicos presentes no ar.

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