Dando continuidade aos requisitos normativos contidos no item 4.2, que trata da avaliação dos perigos no ambiente de trabalho, do Programa de Proteção Respiratória (PPR) da FUNDACENTRO, hoje vamos abordar o conteúdo da alínea “g”: g) determinar a possibilidade de ocorrência de condições IPVS.
A condição ambiental imediatamente perigosa para a vida ou a saúde (IPVS) pode ocorrer tanto por presença de agentes nocivos quanto por deficiência de oxigênio. Ressaltamos que a expressão “deficiência de oxigênio” foi abordada no artigo já publicado com esse título.
Exposições ocupacionais a produtos químicos podem ter o potencial de afetar negativamente a saúde e a vida dos trabalhadores. Em outras palavras, exposições agudas ou de curto prazo, com altas concentrações de determinados produtos químicos dispersos no ar, têm a capacidade de sobrecarregar rapidamente as funções vitais e os órgãos dos trabalhadores, resultando em um espectro de consequências indesejáveis à saúde. Essas consequências podem inibir a capacidade de escapar do ambiente onde ocorre ou ocorreu a exposição (por exemplo, irritação dos olhos e do trato respiratório superior ou comprometimento cognitivo), causar efeitos irreversíveis graves (por exemplo, danos ao trato respiratório ou toxicidade reprodutiva) e, em casos extremos, a morte.
Concentrações de produtos químicos no ar capazes de causar tais efeitos adversos à saúde ou de impedir a fuga de ambientes em condições de alto risco podem surgir de uma variedade de situações não rotineiras no local de trabalho, incluindo procedimentos especiais de trabalho (por exemplo, em espaços confinados), acidentes industriais (ex.: derramamentos ou explosões de produtos químicos) e liberações de produtos químicos na comunidade (ex.: durante incidentes de transporte ou outros cenários de liberação descontrolada).
Os valores de concentração atmosférica IPVS, desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH) dos Estados Unidos da América, caracterizam essas concentrações e condições de exposição de alto risco (NIOSH, 2013). Os valores IPVS são baseados em uma duração de exposição de 30 minutos e tradicionalmente servem como um componente-chave da lógica de decisão para a seleção de equipamentos de proteção respiratória (EPRs).
Profissionais de segurança e saúde ocupacional têm empregado esses valores, além de seu propósito inicial, como um componente da Lógica de Seleção de EPRs, para auxiliar no desenvolvimento de planos de gerenciamento de risco para práticas de trabalho não rotineiras em ambientes de alto risco (ex.: espaços confinados) e o desenvolvimento de planos de preparação para emergências.
A maioria dos valores de concentração IPVS publicados pelo NIOSH refere-se a gases, uma vez que esses contaminantes atmosféricos podem atingir altos valores em um ambiente de trabalho muito rapidamente.
Vapores também podem atingir altos valores de concentração em um ambiente de trabalho fechado devido à sua alta fugacidade.
Contaminantes na forma de particulados raramente atingem altas concentrações no ar do ambiente em questão. Uma grande preocupação está na presença de substâncias altamente tóxicas, pois essas podem atingir valores de IPVS, mesmo estando em baixas concentrações.
Saber se existe a possibilidade de condição IPVS é fundamental no processo para a seleção de um EPR. Importante ressaltar que a falta de informações toxicológicas ou de concentração no ambiente de trabalho de um produto químico nocivo deve também ser considerada como condição IPVS.
Na próxima semana daremos continuidade a esse tema relacionado com o item 4.2 do PPR da FUNDACENTRO, abordando a alínea h) determinar se os contaminantes presentes podem ser absorvidos pela pele, se produzem sensibilização da pele, se são radioativos, irritantes ou corrosivos para os olhos ou a pele, carcinogênicos etc.
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