Outros Perigos Não Respiratórios – Adequação do EPR ao Ambiente de Trabalho

Partículas incandescentes e vibração do equipamento são outras duas condições de trabalho que podem afetar e prejudicar o EPR e a proteção à saúde do trabalhador. Saiba mais neste artigo.

Na semana passada, abordamos o calor e o frio como fatores que influenciam o uso de EPRs (Equipamentos de Proteção Respiratória) e que devem ser considerados no processo de seleção do equipamento mais apropriado ao ambiente de trabalho e ao trabalhador. Nesta semana, vamos abordar outros riscos não respiratórios que podem estar presentes no ambiente e afetam o desempenho do EPR.

No livro do PPR, Programa de Proteção Respiratória: Recomendações, seleção e uso de respiradores, da FUNDACENTRO, são citados e muito bem explanados os efeitos das atmosferas ricas em oxigênio (O2), atmosferas corrosivas, atmosferas potencialmente explosivas, contaminantes potencialmente permeantes, calor radiante, velocidade do vento e ambientes com pressão elevada. 

Neste artigo, vamos explorar outras situações que também afetam o uso dos EPRs, começando pela emissão de partículas incandescentes que ocorrem em vários processos industriais e de serviços.

Durante operações de lixamento e soldagem de metal ou qualquer processo de abrasão pode se gerar essas partículas, as quais têm potencial de atingir o trabalhador e o EPR que está sendo utilizado.

Se o trabalhador utiliza uma PFF (Peça Semifacial Filtrante) essa partícula pode iniciar um processo de combustão das fibras que estão totalmente expostas ao ambiente, e como consequência perfurar a manta e permitir a passagem dos contaminantes atmosféricos presentes.

Entre os ensaios previstos para a aprovação de uma PFF, está o ensaio de inflamabilidade. O objetivo é verificar se o material filtrante que compõe o EPR permite a propagação do fogo. Se isso ocorrer, o equipamento é reprovado.

O ensaio consiste em passar o EPR através de uma chama produzida por um bico de Bunsen. A PFF é exposta a chama, a dois centímetros do topo do bico de Bunsen, ou seja, a chama, praticamente, atravessa o EPR. Após ser submetido a essa condição, verifica-se se há propagação de chama na PFF e o equipamento é novamente ensaiado para verificar se houve aumento do vazamento do aerossol no ensaio de penetração. Equipamentos do tipo peça semifacial e facial inteira também são submetidos a ensaios parecidos com o ensaio da PFF.

Outro fator externo capaz de afetar um EPR é a vibração do equipamento. Vibrações transmitidas para o EPR são capazes de provocar o deslocamento da peça facial dos trabalhadores que, durante as suas atividades, estão sujeitos a vibração de corpo inteiro, e podem, também, provocar danos ao equipamento utilizado por esses trabalhadores.

Alguns tipos de EPRs são mais sujeitos ao efeito da vibração, como os semifaciais e faciais que utilizam cartuchos para gases e vapores. A vibração pode causar caminhos preferenciais na cama de carvão ativado existente no interior dos cartuchos. Esses caminhos, por conseguinte, permitem a passagem dos contaminantes gasosos sem que eles sejam adsorvidos ou absorvidos pelo carvão.

Filtro para particulados também podem ser afetados por essa condição de trabalho. Por isso, tanto os filtros como as peças faciais passam por um condicionamento de vibração antes de serem submetidos aos ensaios de penetração.

Para o usuário de EPRs é importante seguir as recomendações anteriormente mencionadas, a fim de garantir a eficácia e a segurança no uso do equipamento. As principais orientações incluem:

1. Verificar integridade do EPR
Conferir se não há fissuras, rachaduras, deformações, ressecamento, sujeira ou desgaste nas partes de vedação.

2. Verificar a vedação
Realizar os testes de verificação da vedação (positivo e negativo), antes de iniciar o uso.

3. Verificar se há compatibilidade
Entre o EPR e outros EPIs usados (capacete, protetor auricular, óculos, viseira etc.), evitando interferências na vedação.

4. Fixação dos tirantes
Certificar-se de que os tirantes de fixação estão corretamente posicionados, ajustados e firmes, mas sem causar desconforto.

5. Condição da pele facial
Garantir que o rosto esteja limpo, sem oleosidade, suor, barba, protetor solar ou cremes que prejudiquem a vedação.

6. Verificar se há deslocamento do EPR na face EPR
Durante operações sujeitas a altos níveis de vibração de corpo inteiro, o EPR pode haver relaxamento dos tirantes e o EPR pode se deslocar na face e perder o ajuste.

Situações em que houver falha de vedação ou do funcionamento do EPR, o trabalhador deve interromper a atividade com segurança, afastar-se da área de risco, e realizar o reajuste do EPR na face e comunicar o ocorrido ao seu supervisor.

Com este artigo, finalizamos os temas relacionados a Adequação do EPR à Exposição, à Tarefa, ao Usuário e ao Ambiente de Trabalho. Na próxima semana, iniciaremos uma sequência de artigos abordando temas relacionados a Seleção de EPRs, conforme sequência definida no livro do PPR da FUNDACENTRO.

Uma excelente semana. Até o próximo artigo.

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