Espaços Confinados – Seleção de EPR

Por que um trabalhador precisa entrar em uma área com limitações severas ou com condições de atmosferas perigosas? É possível que haja outras maneiras de executar o serviço determinado sem a necessidade de entrada do trabalhador no espaço confinado?

De acordo com a Norma Regulamentadora NR-33 considera-se espaço confinado qualquer área ou ambiente que atenda simultaneamente aos seguintes requisitos:
a. não ser projetado para ocupação humana contínua;
b. possuir meios limitados de entrada e saída; e
c. em que exista ou possa existir atmosfera perigosa.

A mesma norma define atmosfera perigosa como aquela em que estejam presentes uma das seguintes condições:
a. deficiência ou enriquecimento de oxigênio;
b. presença de contaminantes com potencial de causar danos à saúde do trabalhador; ou
c. seja caracterizada como uma atmosfera explosiva.

Inicialmente um profissional de segurança e saúde deve se perguntar: Por que um trabalhador precisa entrar em uma área com essas características? É possível que haja outras maneiras de executar o serviço determinado sem a necessidade de entrada do trabalhador no espaço confinado?

Caso seja realmente necessário que o trabalhador acesse o interior de um espaço confinado, várias medidas preventivas devem ser tomadas, entre elas, o uso de um Equipamento de Proteção Respiratória (EPR).

Nessa fase, compete ao administrador do Programa de Proteção Respiratória (PPR) determinar o tipo de EPR a ser utilizado pelo trabalhador. O processo de seleção de EPR deve considerar, primeiramente, se há potencial para condição Imediatamente Perigosa à Vida ou Saúde (IPVS).

Esse tema foi abordado no artigo anterior. Uma atmosfera IPVS pode estar presente em espaços confinados devido a deficiência de oxigênio ou a existência de concentrações perigosas ou desconhecidas de agentes nocivos. Nesses casos, atmosferas IPVS, somente equipamentos do tipo máscara autônoma ou linha de ar comprimido com peça facial inteira operando em demanda com pressão positiva e cilindro auxiliar podem ser utilizados.

Porém, este ambiente pode ter sido aberto, ventilado; e medições de concentrações sido realizadas e comprovado que não há uma condição IPVS nem por deficiência de oxigênio, nem por presença de agentes químicos nocivos em concentrações acima do valor IPVS.

Nesses casos é possível dar sequência ao processo de seleção de EPR com base no valor do Fator de Proteção Mínimo Requerido (FPMR) comparado com os valores constantes da tabela de FPAs (Fatores de Proteção Atribuídos). 

Devem ser observadas as recomendações da NR-33 e, durante a permanência do trabalhador no espaço confinado, devem ser garantidas as condições adequadas da atmosfera por meio do monitoramento do local.

Alguns cuidados especiais devem ser tomados:

  • Se o FPMR for superior a 1000, apenas máscaras autônomas podem ser utilizadas.1
  • Para casos de agentes químicos gasosos, se a concentração medida ou estimada superar o valor da concentração limitante do filtro utilizado somente EPRs com suprimento de ar podem ser selecionados.
  • Situação parecida pode ocorrer caso o agente nocivo tiver pobres propriedades de alerta, ou seja, alto valor de limiar de odor detectável pelo trabalhador.2 e 3
  • O administrador do PPR deverá estimar o tempo de vida útil do cartucho com base em ferramentas e dados disponibilizados pelo fabricante do EPI.
  • Todos os trabalhadores que utilizam EPR devem ser submetidos a exames médicos para verificar sua capacidade cardiorrespiratória, aptidão física, resistência ao esforço, condições psicológicas e ausência de fatores que comprometam o uso do equipamento.
  • Todos os usuários de EPR com vedação facial, incluindo máscaras autônomas e equipamentos com suprimento de ar com pressão positiva, devem passar pelo ensaio de vedação facial antes de iniciar o uso do EPR e o ensaio deve ser repetido anualmente.

No próximo artigo apresentaremos mais informações sobre o processo de Seleção de EPR em outras condições críticas de trabalho. Até lá!

Notas:
1 Devem ser seguidas as boas práticas de SST, diretrizes internacionais (NIOSH/OSHA), NR- 07, NR-33, NR-35 e PPR da FUNDACENTRO.

2 A percepção de odor não deve ser utilizada como meio para reconhecer a saturação de um filtro para gases e vapores, mas é uma indicação de penetração do vapor ou gás para o interior da peça facial.

3 O documento da FUNDACENTRO Programa de Proteção Respiratória – Recomendações, seleção e uso de respiradores, 4ª Edição, traz uma lista de produtos químicos para os quais não se deve selecionar EPR com filtros para gases e vapores.

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