É muito comum falarmos em “Segurança 24 Horas” durante treinamentos, palestras, ou mesmo, termos programas específicos abordando esse tema. Os riscos estão presentes em todas as atividades que realizamos, sejam elas de trabalho, lazer e em nosso próprio cotidiano. Até que ponto, nosso comportamento demonstra o nosso compromisso com esse propósito? Nosso colega, Milton Villa, conta uma história bem ilustrativa e curiosa sobre esse comportamento.
O fato ocorreu no centro industrial de Aratu, na Bahia. Um hábito que demonstra cortesia e ao mesmo tempo é uma boa prática de segurança é o de acompanhar os visitantes durante todo o tempo que estiverem presentes em uma planta industrial. Isso inclui os deslocamentos até as áreas visitadas e à portaria, quando o visitante está deixando as instalações. A história começa nesse momento.
Estavam caminhando em direção a portaria, visitante e técnico de segurança, quando foram abordados por dois trabalhadores com uma cobrança urgente ao técnico. O técnico ficou um pouco constrangido, pediu desculpas, e disse para aguardarem que em 10 minutos estaria de volta ao seu escritório.
Após a abordagem, o técnico explicou que os dois trabalhadores eram soldadores e sócios em uma pequena oficina de funilaria e soldagem, que funcionava nos feriados e finais de semana. Queriam pegar máscaras descartáveis, óculos e luvas para levar para casa e utilizá-los durante os trabalhos que seriam realizados no final de semana. Disse ainda que tais EPIs haviam sido recomendados pelo médico da empresa. Esse fato deixou o nosso colega Villa muito curioso e interessado em conhecer mais detalhes.
Em uma próxima visita teve a oportunidade de encontrar o médico do trabalho durante o almoço, no restaurante da empresa. Entre a cordialidade, comum entre profissionais de segurança, ele perguntou ao médico sobre a história que havia escutado do técnico de segurança. Eis aqui o “causo”.
O médico disse que “tinha duas cadeiras de piscina, de ótima qualidade, em sua casa de praia, que necessitavam alguns reparos e pontos de solda. Sabendo dos serviços que eram prestados pelos dois soldadores, levou as cadeiras até a oficina. Chegando lá, notou que eles utilizavam apenas óculos comuns durante o trabalho. Não faziam uso de óculos de segurança com grau de escurecimento, como o recomendado. Também não utilizavam proteção auditiva, respiratória, nem proteção da pele, quando realizavam as soldagens.
Na semana seguinte, reservei espaço na agenda e chamei os dois para uma conversa. Convidei o engenheiro de segurança e, durante o bate-papo, a minha primeira pergunta foi: “A GENTE SÓ SE CONTAMINA E SÓ FICA DOENTE NO LOCAL DE TRABALHO? Passamos a explicar sobre os vários componentes das soldas e os seus riscos ocupacionais, sobre as radiações às quais estavam expostos e os efeitos à saúde. Assim, conscientizaram-se da necessidade do uso dos EPIs. O engenheiro de segurança levou o assunto ao gerente da fábrica que, por sua vez, autorizou o empréstimo e a doação dos EPIs, sempre que necessário.”
O médico ainda mencionou que, na empresa, eles eram acompanhados por exames médicos específicos, faziam ensaios de vedação dos respiradores e participavam de vários treinamentos. Caso surgisse uma doença ocupacional relacionada a exposição a agentes químicos ou físicos emitidos no processo de soldagem seria impossível saber se teria sido decorrente do trabalho na fábrica ou nos trabalhos realizados na oficina.
Assim, o investimento feito pela empresa por “doação ou empréstimo” de EPIs seria altamente compensador para prevenir o surgimento de doenças e preservar a saúde dos trabalhadores. Esse exemplo e a boa prática se espalhou na empresa. Outros trabalhadores passaram a solicitar EPIs, por empréstimo ou doação, para realizar atividades como pintura, trabalhos em reparos caseiros etc.
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