Filtros para Vapores Orgânicos

Semana passada escrevemos sobre as diferenças importantes entre ensaios de laboratório e uso real de filtros para particulados. Mostramos que os ensaios submetem os filtros a condições severas que não estão presentes em um ambiente de trabalho. Hoje iremos discorrer sobre filtros para vapores orgânicos.

Os ensaios com filtros para vapores orgânicos submetem os meios filtrantes, nas formas de mantas, cartuchos ou canisters a uma atmosfera produzida em laboratório com concentração de 50 a 10.000 ppm, dependendo da classe do filtro a ser testado e do agente utilizado. Podem ser utilizados tetracloreto de carbono (CCl4) ou Ciclohexano. No passado, esses ensaios eram realizados com Benzeno, mas, devido à sua alta toxicidade, ele foi substituído por essas duas substâncias. Abaixo, é apresentada uma tabela com informações sobre as classificações dos filtros para vapores orgânicos adaptada da norma ABNT NBR 13696/2010. As duas substâncias químicas escolhidas para esses ensaios representam o comportamento médio dos vapores orgânicos em sua interação com o carvão ativado. Alguns vapores possuem melhor interação, fazendo com que a vida útil do cartucho seja superior à vida útil com Ciclohexano e CCl4. Entretanto, há outros vapores que a vida útil é menor, por isso a importância em consultar o fabricante para saber se o filtro pode ser utilizado para proteger do contaminante presente no ambiente de trabalho.

Parece bem complexo, mas vamos explicar.

A tabela mostra 5 classes de filtros para vapores orgânicos. Os dois primeiros denominados FBCs são filtros de baixa capacidade, ou seja, a concentração máxima de uso é pequena. A classe FBC-1 são mantas de filtros para particulados usadas em Peças Faciais Filtrantes (PFF) impregnadas com carvão ativado.

A concentração do agente de ensaio e a vida útil dos filtros da classe FBC-1 (5 ppm e 5 minutos, respectivamente) são bem baixas se comparadas com a concentração utilizada nos ensaios de um FBC-2 ou um cartucho pequeno, classe 1. Por essa razão, há uma grande limitação no uso dos FBC-1 para vapores orgânicos. Somente podem ser utilizados para alívio da exposição a esses vapores devido ao incômodo causado pela exposição a esses contaminantes atmosféricos. Em outras palavras, só podem ser utilizados se as concentrações de vapores orgânicos estiverem, seguramente, abaixo de seus Limites de Exposição Ocupacional (LEO). Os cartuchos da classe 1 são os mais utilizados em EPRs com peças semifaciais ou faciais inteiras.  

Os cartuchos das classes 2 e 3 são utilizados em peças faciais inteiras e tem grandes dimensões e pesos. Os canisters da classe 3 são presos no tórax do usuário e conectados a peça facial através de uma traqueia, pois seu peso e volume não permitem o acoplamento direto na peça facial.

Nos filtros para vapores orgânicos, a concentração limitante é aquela medida após a passagem pelo filtro, quando ocorre sua saturação. Quando essa concentração é atingida deve ser verificado o tempo de duração desde o início do teste. Ou seja, ela indica quanto tempo levou até a saturação.

Importante destacar que diferentemente dos filtros para particulados, a classificação dos filtros para gases e vapores é feita de acordo com o tempo de saturação do filtro. Durante o ensaio a concentração na atmosfera de teste que passou pelo filtro se mantém em zero. Assim permanece até que haja a saturação e essa concentração sobe rapidamente até o valor da concentração limitante.

Em resumo:
– Os ensaios de filtros para vapores orgânicos são utilizados para classificação e aprovação dos filtros;
– Os resultados desses ensaios são importantes para definição da Máxima Concentração de Uso, MCU, dos filtros e cartuchos;
– Os valores do MCU coincidem com os valores das concentrações de ensaio;
– No caso dos canisters, classe 3, para os quais há concentrações de ensaios diferentes para Ciclohexano e CCl4, o valor da MCU é 10.000 ppm;
– Os valores da MCU referem-se à limitação dos filtros. Outras limitações, como Fator de Proteção Mínimo Requerido (FPMR) calculado de acordo com a exposição do trabalhador, Fator de Proteção Atribuído (FPA) do EPR, atmosferas Imediatamente Perigosas à Vida ou Saúde (IPVS) devem ser consideradas no processo de seleção.

Esperamos que esse artigo lhe seja útil. Lembre-se dessas limitações na próxima vez que for selecionar um EPR. Até a próxima semana!

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