Filtros para Particulados

Existem vários questionamentos sobre a seleção e o uso de filtros para particulados em respiradores purificadores de ar. Os respiradores purificadores de ar pertencem a uma classe de Equipamentos de Proteção Respiratória (EPRs) que incorporam um meio filtrante para purificação do ar inalado e, assim, proteger o usuário contra a inalação de contaminantes atmosféricos.

Esses contaminantes podem estar presentes no ambiente de trabalho na forma de gases, vapores ou poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos. Esses últimos são particulados em suspensão na atmosfera, conhecidos como aerossóis ou aerodispersóides. 

Os respiradores filtrantes possuem uma cobertura facial e incorporam um meio filtrante na peça facial. No caso dos aerossóis, esse meio filtrante é constituído por uma manta de microfibras de polímeros sintéticos dispostas aleatoriamente, não orientadas, tratadas eletrostaticamente para captura e retenção de material particulado.

Esses filtros são classificados de acordo com a sua eficiência em retenção de um aerossol de cloreto de sódio ou névoas oleosas produzido em laboratório em concentração entre 15 e 20 mg/m3 (NaCl) ou 50 a 200 mg/m3 (névoas oleosas) e diâmetro médio mássico em torno de 0,3 µm. Esse aerossol é forçado a passar pelo meio filtrante com um fluxo de 95 litros por minuto.

Essas condições são as mais críticas para o desempenho do filtro para particulados, uma vez que a dimensão do aerossol é a mais penetrante e o fluxo (95 litros/minuto) submete o meio filtrante a uma condição muito superior ao fluxo de inalação do trabalhador.

Nessas condições de testes, os filtros são classificados de acordo com a tabela abaixo:

Esses valores não representam o desempenho dos filtros no ambiente de trabalho, mas apenas condições de ensaios para aprovação.

Os particulados que podem estar presentes e inalados pelo trabalhador em um ambiente de trabalho não são monodispersos, ou seja, possuem diversas dimensões desde partículas submicrômicas até partículas com 100 µm.

Nesse contexto, um filtro P1 que permite a passagem de até 20% do aerossol de teste, terá um desempenho muito superior, pois somente uma parcela desse aerossol possui um índice de penetração da grandeza utilizada no ensaio. As poeiras, por exemplo, são particulados que concentram partículas acima de 1 µm, sendo que grande parte delas estão acima de 10 µm.

Um meio filtrante que possui eficiência de 20% com o aerossol de teste em laboratório, terá uma eficiência muito próxima a 100% para retenção de poeiras, quando em uso no ambiente de trabalho.

Segundo o saudoso Professor Maurício Torloni e o nosso amigo Antônio Vladimir Vieira:  “Quando um filtro para particulados é escolhido apropriadamente, de acordo com o indicado na publicação do PPR FUNDACENTRO, a quantidade de partículas que por ele penetra é desprezível se comparada com aquela que entra no respirador pela falha de vedação da peça facial no rosto e será inalada pelo usuário. Daí a importância dos ensaios de vedação.”

Por exemplo, um filtro da classe P1 com 20% de penetração máxima no ensaio de laboratório, quando utilizado para proteção contra poeiras presentes em um ambiente de trabalho contaminado terá uma penetração próxima a zero. Já a penetração pela deficiência da vedação facial pode ser significativa. Os percentuais de penetração máxima são exclusivamente para os ensaios de laboratório e não representam a realidade do trabalho no campo.

Esperamos que tenha gostado deste artigo e esclarecido as diferenças entre o comportamento do meio filtrante em laboratório e no ambiente de trabalho.

1 comentário em “Filtros para Particulados”

  1. Luiz Otávio Brito dos Santos

    “a quantidade de partículas que por ele penetra é desprezível se comparada com aquela que entra no respirador pela falha de vedação da peça facial no rosto e será inalada pelo usuário. Daí a importância dos ensaios de vedação.”Apropriado essa colocação.”

    Para refletir.

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