Nesta semana, vamos abordar sobre um dos principais elementos de um Programa de Proteção Respiratória (PPR), a avaliação do risco respiratório.
Um Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) é utilizado com a finalidade de atenuar a exposição do trabalhador a agentes químicos ou biológicos presentes no ar ambiente. Esses agentes, se inalados, podem causar danos e comprometer a saúde do trabalhador. O EPR deve ser apropriado para diminuir a quantidade de contaminantes atmosféricos que chegam à zona respiratória do trabalhador exposto de tal forma que a inalação de tais agentes nocivos não prejudique a sua saúde.
Importante ressaltar que nenhum EPR evita a inalação do agente nocivo presente na atmosfera de trabalho. O EPR, se bem selecionado e bem utilizado, diminui a exposição e, assim, diminui a probabilidade da ocorrência da doença atribuída àquele contaminante. Para que seja efetivo, o EPR deve ser selecionado com base nos agentes químicos ou biológicos presentes no ambiente. Portanto, o primeiro passo para se estabelecer o uso de um EPR é identificar os contaminantes atmosféricos presentes.

Saber o que está presente no ambiente é fundamental, pois não há um EPR universal, ou seja, que sirva para a proteção contra qualquer contaminante atmosférico. O único equipamento que pode ser utilizado em qualquer situação de risco, sem o conhecimento prévio dos perigos respiratórios existentes, é a máscara autônoma. Porém, a máscara autônoma possui várias restrições de uso, como custo elevado, desconforto, o tempo de uso depende da quantidade de ar contido no cilindro, o usuário deve ser altamente capacitado para utilizar esse tipo de proteção respiratória etc.
Equipamentos de Proteção Respiratória purificadores de ar, ou seja filtrantes, só protegem contra certos agentes químicos presentes no ambiente. Exemplos: para proteção contra sílica, o EPR deve estar equipado com filtro para poeiras; para proteção contra solventes orgânicos, deve estar equipado com filtros para vapores orgânicos etc. Além de identificar o agente, deve-se ainda conhecer a sua concentração no ar. Diferentes modelos de respiradores possuem diferentes valores de FPA, Fator de Proteção Atribuído. Como mencionado acima, o EPR reduz a concentração do agente que chega à zona inalatória do usuário do respirador. O FPA indica o valor dessa redução. Exemplo: um respirador com FPA igual a 10 reduz essa concentração a 1/10; respiradores com FPA igual a 100 reduzem a 1/100 a concentração que chega na zona respiratória do usuário em relação a concentração ambiental.
Quanto ao PPR, esse deve conter registros das informações sobre os contaminantes presentes e as concentrações encontradas. Como prometido, estamos mostrando um modelo de PPR publicado pela OSHA* para pequenas e médias empresas. De acordo com esse modelo, deve estar claro no programa como a empresa realiza essa atividade de identificação e avaliação de agentes ambientais. Esse trabalho pode ser feito internamente ou através de contratação de serviços externo de higiene ocupacional. Isso deve estar definido no programa.
Outras informações relevantes são a indicação do responsável por essa contratação e a periodicidade desse trabalho. O PPR deve conter um plano de trabalhos de avaliação/reavaliação anual. Os resultados das avaliações realizadas, as quais nortearam a seleção do EPR também devem estar registrados, através de uma tabela ou outra forma de registro. Abaixo, estamos mostrando o modelo da tabela apresentado no programa modelo da OSHA, com a descrição de uma área/atividade de trabalho em uma empresa hipotética:
Preparação-Lixamento: Foram instalados sistemas de ventilação exaustora em algumas lixadeiras, mas os funcionários continuam expostos a pó de madeira respirável em concentrações que variam entre 2,5 – 7,0 mg/m3 (Média Ponderada ao Tempo de 8 horas, ou TWA). Respiradores Purificadores de Ar de peça semifacial com filtros P3 e óculos de proteção são necessários para funcionários lixando peças de madeira. Respiradores motorizados estarão disponíveis para funcionários que não possam usar um respirador com vedação facial.
Pré-Limpeza: exposições médias ao cloreto de metileno medidas a 70 ppm com base nos resultados de exposição TWA de 8 horas para trabalhadores limpando/removendo tinta em peças de mobília. Os controles de ventilação estão planejados, mas não serão implementados até que os projetos sejam concluídos e um contrato tenha sido fechado para a instalação dos controles. Enquanto isso, os trabalhadores devem usar linha de ar com capuzes com fluxo contínuo, conforme exigido pelo padrão de cloreto de metileno em 29 CFR 1910.1052.
Tabela 2: Avaliação do Risco – Data da Avaliação

**Exemplo
Agradecemos a sua atenção e esperamos que esse artigo seja útil ao seu trabalho.
*OSHA (Occupational Safety and Health Administration) dos Estados Unidos equivale ao MTE – Ministério do Trabalho e Emprego no Brasil.