Há três fatores muito utilizados em Proteção Respiratória: 1. Fator de Proteção Mínimo Requerido (FPMR); 2. Fator de Proteção Atribuído (FPA); 3. Fator de Vedação. Neste artigo vamos discorrer sobre o que cada um deles significa e como são obtidos.
Fator de Proteção Mínimo Requerido
Como o próprio termo define, é o fator de proteção mínimo requerido para reduzir a exposição do trabalhador a um, ou mais agentes químicos, presentes no ambiente de trabalho a uma concentração abaixo do limite de exposição ocupacional. O FPMR é obtido pelo quociente entre a concentração que representa a exposição do trabalhador e o valor do limite de exposição ocupacional aplicado para aquele agente, ou aqueles agentes químicos presentes.
A concentração no ambiente deve ser medida, ou estimada, (1) considerando o tempo de exposição e a variabilidade dessa concentração durante esse período. Ou seja, para uma exposição de 8 horas, o valor a ser considerado deve ser a média ponderada no período de 8 horas. Para uma exposição de 15 minutos, o valor a ser considerado será a média ponderada no período de 15 minutos. Lembre-se que a exposição também varia entre dias, ou seja, a exposição que ocorre durante um dia de trabalho não é, rigorosamente, igual a exposição do dia seguinte. Por isso, é recomendável que se realize várias medições, em dias diferentes, e aplique-se um tratamento estatístico para definir qual valor representa a exposição do trabalhador àquele(s) agente(s) presente(s) no ambiente de trabalho.
O limite de exposição a ser considerado no cálculo do FPMR deve ser coerente com o tempo de exposição. Ou seja, para exposições de 8 horas, utiliza-se o valor de TWA (2); para exposições de 15 minutos, utiliza-se valores de STEL (3). Para alguns contaminantes atmosféricos a ACGIH® define valores teto, ou seja, valores que não podem ser ultrapassados em nenhum momento durante a jornada de trabalho. Nesses casos a concentração a ser considerada é o valor instantâneo medido no momento de maior exposição do trabalhador. Ver a publicação TLVs® e BEIs® da AGGIH®, tradução ABHO, mais recente para obter esses valores.
Fator de Proteção Atribuído
Os FPAs são obtidos em tabelas, ou literatura técnica específica, para diferente tipos e classes de equipamentos de proteção respiratória. Na Europa, os FPAs foram estabelecidos de acordo com resultados de ensaios de laboratório, com pessoas utilizando o respirador. Esses ensaios são conhecidos como TIL (4), traduzido no português como penetração total. Tem esse nome, porque considera o vazamento pela vedação facial, pelo filtro e por algum componente do respirador, como por exemplo, válvulas de exalação.
Nos Estados Unidos a ANSI, instituto americano de normalização, estabeleceu os valores de FPA de acordo com estudos realizados em ambientes de trabalho. Esses estudos são conhecidos como WPF (5), Fator de Proteção em Ambientes de Trabalho. Vários resultados de estudos de WPF (5) foram considerados no estabelecimento dessa tabela da ANSI (6). Os estudos foram feitos, seguindo um protocolo bem elaborado e bem definido, para que os valores pudessem ser comparáveis. Os Equipamentos de Proteção Respiratória (EPRs) considerados nesses estudos haviam sido aprovados pelo NIOSH, instituto americano para saúde e segurança ocupacional. Houve ainda o cuidado de se realizar um tratamento estatístico desses resultados para assegurar que um equipamento de proteção respiratória, se utilizado nas condições nas quais os ensaios foram realizados, obteria, no mínimo, o nível de proteção estabelecido na tabela. A OSHA,(7) órgão do governo americano que regulamenta os requisitos de segurança e saúde ocupacional, possui uma tabela muito parecida com a tabela de FPAs da ANSI (6). Uma diferença que chama nossa atenção é a do FPA para respiradores tipo peça facial inteira, com filtros, não motorizados. O FPA definido pela OSHA (7) para esse tipo de EPR é 50, enquanto a ANSI (6) atribui o valor de FPA igual a 100 para esse mesmo tipo de respirador.
No Brasil, a FUNDACENTRO adotou a tabela de FPAs da ANSI (6) na publicação Programa de Proteção Respiratória – Recomendações para Seleção e Uso de Respiradores. Os valores de FPAs na tabela publicada pela FUNDACENTRO só podem ser considerados se todos os cuidados e procedimentos definidos no documento tenham sido atendidos. A tabela da FUNDACENTRO define os valores de FPAs por dois parâmetros essenciais, tipo de cobertura facial utilizado e forma como o ar chega ao interior da cobertura, se com pressão negativa ou pressão positiva.
Fator de Vedação
Ele representa o nível de vedação oferecido pela cobertura facial utilizada pelo trabalhador. Ele deve ser medido, individualmente, em ensaio específico, e o resultado comparado com valores atribuídos para aquele tipo de equipamento de proteção respiratória. Cuidado! Os valores de Fator de Vedação atribuídos não são os mesmos valores dos FPAs tabelados. Como regra geral os valores de Fator de Vedação, mínimos, que devem ser obtidos nesses ensaios, são 10 vezes os valores dos FPAs tabelados.
(1) O documento da FUNDACENTRO – Programa de Proteção Respiratória – Recomendações para Seleção e Uso de Respiradores, no anexo 5, apresenta um procedimento para Seleção do Respirador para uso rotineiro utilizando o método de bandas de controle (Informativo), o qual pode ser utilizado para selecionar o tipo de equipamento de proteção respiratória para uma exposição ocupacional que não tenha sido medida.
(2) TWA: Time Wheigted Average – Média ponderada ao tempo de 8 horas
(3) STEL: Short Time Exposure Limit – Limite de Exposição para 15 minutos de exposição
(4) TIL: Total Inward Leakage – Vazamento Interno Total
(5) WPF: Workplace Protection Factor – Fator de Proteção em Ambiente de Trabalho
(6) ANSI: American National Standard Institute
(7) OSHA: Occupational Safety and Health Administration
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Muito esclarecedor e técnico.
Parabéns